Juíza Karin Becker toma posse como titular da VT de São Miguel do Oeste

11/11/2020 16h56, atualizada em 13/11/2020 17h40

Promovida pelo critério de merecimento no final de outubro, Karin Corrêa de Negreiros Becker tomou posse, nesta sexta-feira (13), no cargo de juíza titular da Vara do Trabalho e São Miguel do Oeste, uma das 60 unidades de primeira instância do TRT de Santa Catarina (TRT-SC). Ela vai suceder o juiz Leonardo Bessa, que se removeu para a jurisdição de Curitibanos. O ato teve 22 minutos e ocorreu por videoconferência, em razão da pandemia, com transmissão pelo YouTube. 

Em seu discurso, Karin Becker disse que jamais poderia imaginar que completaria seus 14 anos de magistratura, no dia 17 de novembro, já como juíza titular. “Foi uma grata surpresa”, afirmou. Ela também mencionou a relação especial com Balneário Camboriú, município no qual cresceu e atuou como servidora e juíza substituta. “Estava lá como servidora em 2006 quando passei para o concurso de juíza substituta, e também agora, quando fui promovida a titular. Uma volta que a vida deu bem positiva”, diz. 

Para a presidente do TRT-SC, desembargadora Lourdes Leiria, os jurisdicionados da Vara de São Miguel do Oeste vão receber uma juíza “vocacionada, dedicada e comprometida com os princípios éticos da magistratura”, além de uma bagagem de 14 anos vivenciada em diversas unidades do estado. “Seja muito feliz, juíza Karin, parabenizo-a por essa merecida promoção” ,afirmou. 

O presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 12ª Região (Amatra12), José Carlos Külzer, também saudou a nova juíza titular do TRT-SC. “Meus cumprimentos e felicidades nesta nova etapa de sua vida, juíza Karin”, disse ele. 
 


Entrevista: "Em algumas situações tenho percebido uma certa empatia entre os litigantes, um impacto positivo de solidariedade"

Foto posada 3 por 4 da juíza Karin Becker
Karin Becker iniciou como servidora do TRT-SC

Natural de Florianópolis, Karin Becker é casada e mãe de Alice, de apenas três anos. Ingressou na Justiça do Trabalho em 1999 como servidora, até passar para o concurso de juíza substituta, em 2006. Graduada em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí (Univali) em 1996, chegou a trabalhar como advogada contratada do INSS por um ano antes de se tornar servidora pública. Em 2005, pela mesma Univali, defendeu sua dissertação de mestrado, que leva o título “O princípio da dignidade da pessoa humana em face das normas trabalhistas brasileiras: uma abordagem teórica acerca do conflito de normas". Enviamos quatro perguntas para a magistrada, confira as respostas: 


Qual o significado pessoal dessa promoção para sua carreira? 

Para mim significa um grande reconhecimento. Reconhecimento do trabalho e dedicação desses anos todos, que envolveu, nos últimos dois anos, muitos sacrifícios. Iniciei minha lotação em Concórdia, passei por Criciúma, Rio do Sul, Brusque e cheguei em Balneário Camboriú em julho de 2018 com minha bebê completando 6 meses de vida, minha mãe com problemas de saúde e uma pauta bastante pesada, atuando boa parte do período sozinha. Com a ajuda da equipe consegui superar os desafios. É muito bom, depois de tanto trabalho e sacrifício, ter esse reconhecimento. Foi uma grande conquista para mim.


A senhora assume a titularidade sem o auxílio de um juiz substituto. Como pretende enfrentar esse desafio?

Eu pretendo me inteirar das matérias (pedi adiamento de minhas férias para isso) e do ritmo do local (produção de prova, ritmo das audiências), conhecer as peculiaridades da região, conhecer e conversar com os advogados, tudo para tentar otimizar o máximo possível o trabalho e o andamento da pauta. Claro que vou precisar também contar com o auxílio fundamental dos servidores, que me foram muito bem recomendados pelo juiz Bessa. Embora estejamos neste momento excepcional de pandemia, tem sido possível dar continuidade ao trabalho e assegurar uma prestação jurisdicional de qualidade. 

Como a senhora avalia o impacto da pandemia nas audiências? Tem percebido se as partes chegam mais fragilizadas? 

Em algumas situações tenho percebido uma certa empatia entre os litigantes, um impacto positivo de solidariedade. A fragilidade algumas vezes é de ambas as partes, e perceber isso é fundamental para tentar apaziguar o conflito, pois nem sempre conseguimos resolvê-lo. 


A experiência de ser servidora do TRT-SC contribuiu de alguma forma para seu desenvolvimento profissional? 

Sou muito grata por essa experiência essencial como servidora, que sem dúvida contribuiu para meu desenvolvimento profissional. Trabalhei na secretaria, em sala de audiência, até ser nomeada assistente de juiz substituto pelo então juiz titular Helio Bastida Lopes, hoje um dos desembargadores da corte. Adquiri muita experiência e aprendi muito na prática, o que me estimulou a estudar para o concurso da magistratura. 

Tenho uma história muito bonita e de gratidão com minha colega de trabalho, e amiga, juíza Rosilaine Barbosa Ishimura Souza, de quem fui assistente por alguns anos (ela, na época, substituta) até eu ser aprovada no concurso para juíza do Tribunal. Com Rosilaine aprendi muito, e para minha surpresa e alegria voltamos a trabalhar juntas em julho do ano passado, ela como titular e eu como substituta em Balneário Camboriú. Quando eu poderia imaginar que tudo isso iria acontecer desde 1999, quando ingressei no TRT-SC?  Tem sido uma trajetória feliz.
 

Texto: Clayton Wosgrau / Foto: arquivo pessoal da magistrada
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