Posto da Justiça do Trabalho realizou cerca de 30 atendimentos ao longo da semana na capital
A Justiça do Trabalho catarinense marcou presença no “Registre-se!”, nome dado à “Semana Nacional do Registro Civil - Reconhecendo seus Direitos”, promovida nacionalmente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O evento foi realizado entre esta segunda e sexta-feira (12 a 16/5), em todas as capitais do país.
Um posto de atendimento coordenado pela Ouvidoria do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), que tem à frente a desembargadora Mirna Bertoldi, e servidores voluntários ofereceu consulta processual, orientações jurídicas e protocolo de ações trabalhistas (com auxílio da OAB-SC), com foco no atendimento a pessoas em situação de rua ou em vulnerabilidade. Ao todo, foram 31 atendimentos realizados.
Em Santa Catarina, a iniciativa reuniu 18 órgãos públicos e entidades assistenciais com o objetivo de oportunizar diversos serviços necessários à promoção da cidadania, como a emissão de documentos certidão de nascimento, carteira de identidade, etc.) ou fornecer orientações de acesso à Justiça.

“Bola de fogo brilhante”
Rafael Eduardo Canales Aguirre, de 44 anos, é brasileiro, mas viveu a maior parte da vida no Chile e no México. Ele se mudou para o exterior com 18 anos por problemas com a Justiça. “Eu me juntei com más companhias quando morava no Recife (PE) e fui preso. Meus pais conseguiram que eu fosse solto sob a condição de que eu ingressaria em um internato no Chile”, relatou. Com os estudos finalizados, entrou para o ramo da gastronomia como cozinheiro.
Rafael retornou em busca da família, com a qual perdeu contato. Chegou ao Brasil por Porto Alegre-RS, mas foi assaltado. “A prefeitura de Florianópolis me acolheu no abrigo da Passarela Nego Quirido e tem me ajudado demais, e agora estou aqui para fazer meus documentos”, contou emocionado, com os olhos cheios de lágrimas.
“Aqui em Florianópolis há muito trabalho, mas é custoso. Porém, é como um colega peruano me disse uma vez: depois da tempestade e das nuvens escuras, sempre sai esta bola de fogo brilhante que é o sol para iluminar o caminho. Tem que ter paciência e fé”, finalizou, com uma pitada de esperança. Como não tinha demanda trabalhista em questão, Rafael foi encaminhado pela equipe do tribunal ao estande do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Economicamente ativos
Estudos realizados em 2017 pelo Instituto Comunitário da Grande Florianópolis (Icom) e pelo Movimento Nacional de População de Rua em Santa Catarina (MNPR-SC) constataram que 70% das pessoas em situação de rua na Grande Florianópolis exercem atividade remunerada. Já um levantamento recente da Ouvidoria do TRT-SC apontou que 16% dos servidores e magistrados já atenderam esse público no exercício de suas funções.
A ação junto ao “Registre-se” integrou a Política Nacional de Atenção às Pessoas em Situação de Rua e suas Interseccionalidades (PopRuaJud), criada pela Resolução CNJ nº 425/2021. O objetivo é garantir acesso célere, simplificado e sem burocracia ao Judiciário para quem vive nas ruas.

Texto: Camila Collato
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