Publicação da Fundacentro revela que síndrome de burnout, estresse e depressão estão no topo dos problemas de saúde
Outubro reúne duas datas dedicadas à valorização docente: no dia 5 é celebrado o Dia Mundial do Professor, instituído em 1994 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco); e no dia 15, a data é celebrada no Brasil.
As profundas transformações na educação ao longo das últimas décadas tornaram a profissão de ensinar cada vez mais desafiadora. Os impactos não se restringiram apenas à relação de aprendizagem com os estudantes em sala de aula, mas também alcançaram a relação do professor consigo mesmo diante das novas exigências sociais, levando a um alerta sobre a saúde mental no ambiente de trabalho da categoria.
Seja na rede privada ou pública, os professores sofrem de um mesmo conjunto de males ou doenças, sendo os distúrbios mentais mais recorrentes do que os físicos. Essa conclusão está presente no livro Seminários Trabalho e Saúde dos Professores. Precarização, Adoecimento e Caminhos para a Mudança (link externo), lançado em 2023 pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), órgão ligado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Síndrome de burnout (esgotamento), estresse e depressão estão no topo dos problemas de saúde entre os docentes, sendo os distúrbios de voz e osteomusculares os tipos físicos mais recorrentes. Em Santa Catarina, a tendência é a mesma, como apontou a 2ª Pesquisa de Saúde Docente (link externo), realizada com mais de 1,5 mil professores e divulgada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação na Rede Pública de Ensino do Estado de SC (Sinte-SC), em 2021.
Quase 70% já foram trabalhar doentes
A ansiedade e insegurança psicológica (53%) apareceram como as emoções mais recorrentes dos docentes catarinenses em relação ao seu trabalho, seguida do esgotamento mental (síndrome de burnout), com 44%. Dos 34% dos participantes que afirmaram possuir pelo menos uma doença crônica, a depressão foi a terceira mais apontada e a ansiedade figurou na sétima posição.
Entre os pesquisados, 68,5% relataram que foram trabalhar mesmo doentes ou com muita dor, no ano base da pesquisa (2020). O principal motivo para este comportamento foi o desejo de não atrasar o conteúdo, prejudicando o andamento das aulas. Em segundo lugar, o fato de não terem consultado um médico ou não possuírem atestado para comprovar a doença. Em terceiro, o receio de usar atestado, o que geraria um afastamento e, por consequência, levaria à primeira razão apontada: o atraso do conteúdo das aulas.
Olhar integral
“Falar em saúde e segurança no trabalho é olhar para o trabalhador de maneira integral, e isso abrange ações concretas que visem promover a saúde mental deste indivíduo no seu ambiente laboral”, afirma o gestor regional do Programa Trabalho Seguro (PTS) em Santa Catarina, desembargador do TRT-SC Cesar Luiz Pasold Júnior.
Desde 2021 o PTS vem atuando com maior foco na prevenção da saúde mental dos trabalhadores e trabalhadoras, acompanhando a tendência mundial de crescimento de casos de afastamento por motivos de distúrbios mentais. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de maio de 2022, uma em cada oito pessoas no mundo vive com algum tipo de transtorno mental, sendo 60% por motivos de ansiedade (31%) e depressão (28,9%). Ainda de acordo com a Organização, o ambiente profissional é um dos principais em que devem ser adotadas medidas que previnam problemas dessa ordem.
“Na atividade docente, essa atuação deve ser ainda mais abrangente, considerando as responsabilidades compartilhadas entre poder público e sociedade civil na promoção e cumprimento de políticas que incrementem não só as condições de trabalho da categoria, mas também a conscientização acerca do tema dentro das instituições de ensino”, salienta o desembargador.
Em maio deste ano, Pasold Júnior propôs à Secretaria de Estado da Educação a inserção de carga horária sobre segurança do trabalho nos cursos técnicos e superiores ministrados pelas instituições públicas de ensino de Santa Catarina. A proposta foi recebida e está em análise.
Parceiros
Atualmente, o Programa Trabalho Seguro em Santa Catarina, que é mantido pela Justiça do Trabalho, conta com nove parceiros na área: a Secretaria Estadual da Educação; a Secretaria de Educação de Florianópolis; a Associação de Pais e Professores da Escola Básica Municipal Bairro Bortolotto, de Nova Veneza; a Associação de Professores, Pais e Alunos do Centro de Educação Profissionalizante (Appac) do Cedup de Mafra; os Centros de Educação Profissionalizante (Cedup) de Mafra e Joinville; a Fundação Educacional de Criciúma; e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense - Campus Videira (IFC Videira).
Texto: Camila Collato
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