“A depressão depende da vulnerabilidade de cada indivíduo”, afirma psiquiatra

02/12/2016 12h55
Psiquiatra Maurício Ehlkefala na Escola Judicial
Palestra de Ehlke aconteceu durante atividades do Programa Trabalho Seguro, em evento da Escola Judicial


“O que gera o transtorno mental é a relação do indivíduo com a patologia”. A afirmação é do psiquiatra Maurício Ehlke, que concentrou a atenção dos magistrados catarinenses, por quase três horas, na manhã de quinta (1º). A palestra sobre enfermidades da vida mental e suas implicações com o trabalho integrou as atividades do Programa Trabalho Seguro, dentro da programação do 7º Módulo de estudos promovido pela Escola Judicial do TRT-SC (Ejud 12), que encerra nesta sexta-feira (2).

A maneira como o indivíduo se relaciona com a doença vai se refletir nos sintomas, trazendo problemas na família e no trabalho, explica o especialista. “A manifestação dos sintomas está ligada não somente à qualidade ou quantidade de trabalho, mas sim a uma insatisfação da pessoa. O fato é que nem sempre isso significa que ela está doente”, apontou o psiquiatra, especialista em medicina forense e psiquiatria pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No caso da depressão, que está entre as principais causas de afastamento do trabalho por mais de 15 dias, Ehlke afirma que ela pode ocorrer devido a uma situação de estresse ou mesmo em um cenário muito pouco estressante, dependendo da vulnerabilidade e da genética de cada indivíduo. Por isso, a dificuldade na hora de diagnosticar a relação da doença com o trabalho.

Maurício destacou ainda o caráter investigativo do exame pericial. “São avaliações muito criteriosas. A perícia envolve um aspecto que vai além da questão neurobiológica, ela compreende também toda a história autobiográfica da pessoa e as questões sociais”, explicou o psiquiatra, acrescentando que para o periciamento são utilizadas ferramentas da psicopatologia descritiva.
 

Psicopatologia descritiva

De acordo com Ehlke, essa metodologia possui formatos bem conhecidos sobre a maneira como o indivíduo se comporta, ou seja, possui classificações dos transtornos mentais a partir de experiências descritas por pessoas mentalmente doentes. A pessoa deprimida vai ter uma determinada postura, por exemplo, diferente de quem está com transtorno bipolar. “Durante a perícia, o profissional deve ter atenção para verificar se o caso coincide com o modelo descritivo”, alertou.

 

 


Texto: Letícia Cemin / Foto: Adriano Ebenriter
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