Programa Trabalho Seguro investe em comunicação para difundir ideia de que acidentes de trabalho são previsíveis e podem ser evitados
Os acidentes de trabalho são previsíveis e não acontecem por acaso. Por isso, é fundamental expandir em larga escala a ideia de que a prevenção é o melhor caminho. Essa foi a principal mensagem deixada pela juíza do trabalho Morgana de Almeida Richa, uma dos cinco gestores nacionais do Programa Trabalho Seguro (PTS), em palestra durante encontro que reuniu nesta sexta-feira (1º), no auditório do TRT-SC, os 11 juízes auxiliares do programa em Santa Catarina – um para cada circunscrição.
A magistrada, lotada no TRT da 9ª Região (TRT-PR), afirmou que o Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT), responsável nacionalmente pelo Programa, adotou a estratégia de investir pesado na conscientização no biênio 2014/2015. Serão ao todo R$ 5,5 milhões disponíveis para investimentos, parte disso em ações de comunicação.
Para tanto, foi feito inclusive um planejamento estratégico de comunicação que definiu os rumos da campanha a ser lançada em novembro, após as eleições. Entre as peças de divulgação estão quatro comerciais em vídeo de 30 segundos e outros quatro de rádio, além de um calendário, reforçando a ideia que contesta o acaso nos acidentes de trabalho. “Nas salas de audiência, por tudo que vemos e ouvimos, temos a noção exata que os acidentes de fato são previsíveis, mas como é difícil transmitir essa ideia para fora de lá”, exclamou a magistrada.
Morgana Richa também falou sobre o tema escolhido para servir de mote para a campanha deste ano, o trabalho rural. Lembrou que é um setor que ganhou uma certa “invisibilidade” com o desenvolvimento cada vez mais acelerado dos centros urbanos, embora o Brasil ainda seja um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do planeta.
“Não há como negar que o trabalhador rural está na base da economia do nosso país. E quantos deles não estão sendo envenenados com agrotóxicos, ou ficando com sequelas decorrentes de acidentes no corte de cana, por exemplo?”, questionou a juíza, justificando a escolha do tema.
Por fim, Morgana Richa criticou as visões que atribuem responsabilidade unilateral ao problema, seja por parte de empregadores ou empregados. “Pensar que a responsabilidade é de apenas uma das partes é desconsiderar a dimensão do problema”, disse a juíza.
Diagnóstico complexo
Na sequência do evento, o psiquiatra forense Alan Índio Serrano (foto) falou sobre saúde mental no mundo do trabalho, segundo ele um dos temas mais polêmicos quando o assunto é doença ocupacional. Em entrevista concedida à Assessoria de Comunicação do TRT-SC, o médico afirmou que a principal dificuldade dos juízes trabalhistas está em conseguir peritos que entendam profundamente do assunto, o que acaba gerando equívocos em alguns diagnósticos.
“Acredito que as doenças mentais derivadas do trabalho estão sendo superestimadas, já que são raros os casos em que existe essa relação de causa e consequência”, disse o psiquiatra. De acordo com ele, doenças como a depressão, por exemplo, decorrem da conjugação de vários fatores, como decepções amorosas, sono ruim, má alimentação, relacionamentos interpessoais, etc. Ele concorda que a insatisfação no trabalho também pode ser uma fonte geradora de problemas psíquicos, mas dificilmente age isoladamente.
Troca de experiências
Na parte da tarde os juízes auxiliares do PTS reuniram-se com os gestores regionais, desembargador Amarildo Carlos de Lima e juiz Ricardo Jahn, na sede da Escola Judicial. A ideia, segundo o desembargador, é que a reunião sirva para estabelecer um programa de trabalho e diretrizes de ação, além da troca de experiências.
Para o presidente do TRT-SC, desembargador Edson Mendes de Oliveira, os juízes do trabalho vivem atualmente um dilema, na medida em que precisam conciliar a atividade jurisdicional com a institucional - além do Trabalho Seguro, o CSJT também mantém o Programa Nacional de Combate ao Trabalho Infantil.
E dá um conselho aos colegas: “Precisamos primeiro nos organizar e depois aprender a descentralizar nossas tarefas, envolvendo cada vez mais nossas equipes. Ninguém faz nada sozinho. Sei que isso é uma mudança de paradigma, uma política que precisamos internalizar cada vez mais. Caso contrário, poderemos adoecer”
Fonte: Assessoria de Comunicação Social - TRT-SC
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