SEGURANÇA NO TRABALHO: Santa Catarina tem uma vítima a cada 29 horas

Mobilização marcada para hoje em Joinville discute ações preventivas no Estado, com média de mortes acima da brasileira

28/04/2014 13h19

A cada 29 horas morre um trabalhador em Santa Catarina. O número, calculado pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), da Secretaria estadual da Saúde, representa a gravidade do problema no Estado. Com um recorde trágico, SC tem número de óbitos acima da média brasileira.

Os dados mais recentes da Previdência Social mostram que em 2012, Santa Catarina apresentou, segundo a Previdência Social, taxa de 7,7 mortes a cada 100 mil trabalhadores. O número é superior à média brasileira, de 6,6 óbitos a cada 100 mil trabalhadores, e maior que do Rio Grande do Sul (6,3), São Paulo (5,3) e Rio de Janeiro (4,6). Porém, é inferior a Minas Gerais (7,9), Paraná (7,9) e Espírito Santo (10,4).

Hoje representantes sindicais em todo o país realizam atos para cobrar políticas em defesa dos trabalhadores em função do Dia Internacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças de Trabalho. Em Santa Catarina, há um ato programado em Joinville que vai percorrer as ruas do centro da cidade. Segundo a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (Fetiesc), o movimento deve reunir mais de 2 mil pessoas.

O coordenador do Movimento em Defesa da Vida, Saúde e Segurança dos Trabalhadores (Movida), Sabino Bussanello, destaca que Santa Catarina é um dos campeões nacionais em acidentes de trabalho.

– Quando descobrimos estes dados, desencadeamos uma campanha de conscientização, educação e prevenção procurando reduzir esses números alarmantes. E vale lembrar que essas estatísticas não levam em conta os trabalhadores informais, que devem aumentar ainda mais os níveis – explica.

Estatísticas não levam em conta trabalhadores informais

De acordo com Maurício Silva assistente social do Centro de Referencia em Saúde do Trabalhador (Cerest/SC), as estatísticas da Previdência Social são imprecisas porque só levam em conta os acidentes registrados com trabalhadores com carteira assinada. Conforme a Previdência Social, Santa Catarina teve 154 trabalhadores mortos em 2012. Pelo sistema de declaração de óbitos do SUS, o número sobe para 305 óbitos no mesmo ano.

Os acidentes com transporte representam 50% das mortes, seguidos pelas quedas, que motivaram 22% dos óbitos. De acordo com Silva, esse tipo de acidente é comumente registrado em atividades como construção civil e manutenção de prédios.

Ações para reduzir as ocorrências

Uma cobrança mais forte por parte do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) em Joinville para que estabelecimentos de saúde notifiquem casos de acidentes de trabalho explica o crescimento de ocorrências nos últimos anos. Em 2013, foram 394 acidentes de trabalho considerados graves no município. Em 2007, foram apenas 45 casos notificados e investigados pelo Cerest.

Quando as equipes do centro visitam uma empresa para investigar a causa do acidente, na maioria das vezes encontram situações em que o trabalhador não estava usando os equipamentos de proteção individual (EPIs) ou não havia recebido orientação adequada sobre a importância de utilizá-los.

Mesmo que o funcionário se recuse a usar os equipamentos, a coordenadora do Cerest, Maíres Baggio, enfatiza que é responsabilidade da empresa cobrar o uso e monitorar o ambiente de trabalho. Para ela, todo acidente pode ser evitado e, para isso, basta uma estrutura adequada e investimento em educação.

 


Fonte: Diário Catarinense

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