Atividade oferecida em formato presencial e on-line faz parte do ciclo de debates sobre saúde mental no mundo do trabalho
A Escola Judicial do TRT-SC (Ejud-12) ofereceu na manhã desta quinta-feira (12/9) um minicurso a juízes e juízas do tribunal englobando dois temas: os aspectos penais envolvidos nas audiências trabalhistas e a regulação emocional diante de situações de estresse.
Além da magistratura, o evento contou também com a participação de servidoras e servidores de modo presencial, no auditório do TRT-SC, em Florianópolis, e por videoconferência. A atividade fez parte do 3º Módulo de Formação Continuada da Ejud-12, cujo eixo central de estudos, neste ano, gira em torno da saúde mental no mundo do trabalho e a virtualização da vida.
Visão ampla
No primeiro momento, o juiz Guilherme Guimarães Feliciano, do TRT-15 (Campinas e interior de SP), fez considerações sobre a atuação de magistrados durante audiências. A mediação foi realizada pelo corregedor do TRT-SC, desembargador Narbal Antônio de Mendonça Fileti.
Feliciano, que também possui trajetória acadêmica como pesquisador e professor da Universidade de São Paulo (USP), trouxe à tona a necessidade de uma formação continuada que prepare os juízes não apenas em relação ao direito do trabalho, mas também no campo penal.
Isso porque, de acordo com Feliciano, ao longo de suas carreiras os magistrados inevitavelmente se deparam com conflitos que exigem uma visão mais ampla do sistema jurídico. Essa compreensão, segundo ele, pode proporcionar maior segurança na tomada de decisões.
Preparo emocional
No segundo momento do evento, a palestra “Regulação emocional frente a situações de confronto e estresse” foi conduzida por Guilherme Rapetti e Nivaldo Aparecido Minervi, acadêmicos na área da Educação e instrutores da Universidade Corporativa da Polícia Rodoviária Federal (UniPRF).
Em suas falas, ambos exploraram a importância do preparo emocional no ambiente profissional, estabelecendo paralelos entre outras áreas e o trabalho dos magistrados.
Rapetti, que também possui experiência em operações no ambiente de aviação, apresentou o conceito de Gerenciamento de Recursos de Equipes (CRM), amplamente utilizado na área, como um modelo eficaz de treinamento para mitigar erros humanos.
Ele explicou que, de acordo com estudos ao longo dos anos, descobriu-se que competências como resiliência, consciência situacional e regulação emocional são tão importantes quanto o domínio técnico. “Embora a tecnologia da aviação seja atualmente de ponta, 80% dos acidentes estão ligados a fatores humanos”, ilustrou Rapetti.
“O que falamos aqui, em última análise, não é sobre aviação, mas sim sobre humanidade. Situações de estresse acontecem tanto nas audiências quanto em outras profissões. O preparo mental é fundamental”, pontuou.
Competência aprimorada
Minervi, por sua vez, enfatizou que o equilíbrio emocional, ao contrário do que muitos pensam, não é uma habilidade inata, mas uma competência que pode ser aprimorada ao longo do tempo.
Para desenvolvê-la, o policial sugeriu estratégias de autoconsciência, como fazer uma pausa antes de tomar decisões ou dar respostas, refletindo sobre os próprios sentimentos. Isso pode ser feito de maneiras simples, como respirar fundo ou desviar temporariamente o foco para outra situação.
Ao final de cada palestra, o público teve a oportunidade de interagir com os especialistas com perguntas sobre os temas abordados, com mediação realizada pelo juiz do TRT-SC Luís Fernando Silva de Carvalho.
O 3º Módulo de Formação Continuada encerra nesta sexta-feira (13/12), às 10h30, com uma palestra da ministra Delaíde Arantes, do Tribunal Superior do Trabalho.
Texto: Carlos Nogueira
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