Exposição fotográfica no TRT-SC retrata mulheres que superaram violência doméstica

Projeto Espelho Meu é uma iniciativa da Polícia Civil e integra programação do tribunal para o Mês da Mulher

14/03/2025 16h16, atualizada em 14/03/2025 17h04
Fotos: Lucas Kolombeski

“Tudo o que ele fez para destruir a minha autoestima, o ‘Espelho Meu’ está fazendo para mostrar que a gente é bela, que tem coisas para acrescentar e que existem muitas pessoas boas no mundo”. O depoimento é de uma das participantes do projeto “Espelho Meu: prevenção à violência doméstica por meio da linguagem fotográfica”, que retrata em exposição fotográfica mulheres vítimas de violência doméstica.

São ao todo 27 quadros de mulheres atendidas pela Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (DPCAMI) de São José, vinculada à Polícia Civil de Santa Catarina (PC-SC), e que ficarão expostos na sede do TRT-SC até o dia 30 de março, em Florianópolis. A organização da exposição é da própria delegacia, e a solenidade de abertura no tribunal aconteceu nesta sexta-feira (14/3).

Em sua fala, o presidente do TRT-SC, desembargador Amarildo Carlos de Lima, saudou os presentes evidenciando a importância do tema e relembrou o início de sua carreira, quando em determinada ocasião foi “alertado” que sua chefe seria uma mulher. “Fizeram uma reunião para me comunicar sobre o tema e perguntar se eu aceitaria isso”, contou ao público.

Com oito irmãos, sendo quatro deles mulheres, o desembargador afirmou ter sempre convivido com a diversidade dentro de casa e ressaltou o apoio para que as irmãs buscassem posições de destaque. “Infelizmente nós sabemos que estamos em uma sociedade masculina, dotada de regras masculinas, pensada para indivíduos masculinos”, afirmou o presidente.

 

Fotografia de três pessoas, sendo duas mulheres e um homem, em pé, em uma exposição fotográfica.
Ouvidora Mirna Bertoldi, presidente Amarildo Carlos de Lima e vice-presidente e diretora da Escola Judicial, Quézia Gonzalez


Denúncia e acolhimento


A vice-presidente do tribunal e diretora da Escola Judicial, desembargadora Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez, iniciou sua exposição em memória de Vanessa Ricarte, jornalista servidora do Ministério Público do Trabalho do Mato Grosso do Sul (MPT/MS), brutalmente assassinada a facadas pelo ex-noivo em fevereiro deste ano.

“Pesquisa realizada pelo Conselho Nacional de Justiça revelou que cerca de 40% das magistradas e servidoras do Judiciário brasileiro sofreram algum tipo de agressão”, alertou a desembargadora, que reiterou a importância da denúncia e do acolhimento.


 

Fotografia do público do tribunal presente à abertura da exposição. As pessoas estão em pé e atentas às falas de abertura.
Solenidade de abertura foi prestigiada pelo público interno, como a desembargadora Mari Eleda Migliorini (c) e a juíza Adriana Camargo (d)



Testemunho silencioso


Para a ouvidora do TRT-SC, desembargadora Mirna Bertoldi, a denúncia é a ação que possibilita botar fim às diversas violências de gênero - física, psicológica, patrimonial, moral e sexual. Para isso, a criação de canais seguros é indispensável neste processo. A desembargadora ressaltou ainda a parceria da Ouvidoria com a Polícia Judicial e a Delegacia da Mulher para o acolhimento das vítimas e encaminhamentos das denúncias recebidas na instituição.

“Esta exposição transcende a mera representação de rostos, ela é um testemunho silencioso da bravura destas mulheres”, refletiu a ouvidora, ao afirmar que o projeto é uma celebração de força e de resiliência.

A exposição “Espelho Meu” integra a programação do TRT-SC para o Mês da Mulher, que contará com outras atividades alusivas à data até o final de março. A promoção é da Escola Judicial (Ejud-12), em parceria com o Programa de Prevenção, Orientação e Apoio a Magistradas e Servidoras em Situação de Violência Doméstica e Familiar, que é mantido pela Ouvidoria.

Fotografia de uma exposição fotográfica, onde é possível ver quatro painéis com fotografias tipo retrato, em preto e branco, e um painel com um banner no qual consta o nome da exposição, Espelho Meu, e os dados da abertura, como data, público-alco e local.
Exposição é uma iniciativa da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso de São José



Projeto Espelho Meu
 

O projeto “Espelho Meu” surgiu em 2018, a partir de uma conversa da agente de polícia Eleide Brito com a colega psicóloga Clarissa Enderle, que atua na DPCAMI. A coordenação inicial ficou a cargo da delegada Juliana Menezes.

Eleide já tinha a fotografia como hobby e se sentiu motivada a fazer mais pelas mulheres atendidas no local, “de enxergar que a Polícia Civil não podia ser só aquilo, pois nós temos uma empatia com a causa”, afirma. Para Clarissa, ao resgatar o seu poder interno, essas mulheres se tornam exemplos para as demais: “exemplos de luta, de empoderamento e de vida”.

Por meio de uma parceria com a escola de fotografia Câmera Criativa, os próprios estudantes orientados pelo professor Radilson Carlos, colocaram os conhecimentos em prática e produziram os retratos. Várias outras entidades e profissionais contribuíram de forma voluntária para a viabilização da iniciativa, como maquiadores, psicólogas, designers, dentre outros.

As imagens são leves, em preto e branco, e mostram as vítimas em momentos de superação, não sob violência.



Texto: Camila Collato
Secretaria de Comunicação Social - TRT/SC
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