Roberto Guglielmetto toma posse como novo desembargador do TRT-SC

Em seu discurso, magistrado defende a consolidação da jurisprudência como forma de dar mais segurança ao sistema de Justiça. 'Lides não podem ser resolvidas no sorteio'

31/03/2015 19h15
Desembargador Roberto Guglielmetto assina termo de posse
Magistrado assina o termo de posse, completando o quadro de 18 desembargadores do Tribunal Pleno

Em cerimônia que lotou a sala de sessões do Tribunal Pleno, tomou posse nesta terça-feira (31) o novo desembargador do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC), Roberto Guglielmetto. Magistrado com 24 anos de carreira, ele ocupava o cargo de juiz titular da 1ª Vara do Trabalho de Itajaí e foi promovido pelo critério de antiguidade.

Guglielmetto assume a vaga da desembargadora Lourdes Dreyer, que se aposentou em junho do ano passado. Com a sua chegada, o Tribunal Pleno volta a ter a sua composição completa, com 18 membros titulares, algo que não acontecia desde janeiro de 2014.

Em nome de toda a Corte, o desembargador Amarildo Lima saudou o empossado, exaltando a forma como o magistrado paulistano de 54 anos é reconhecido por tratar bem todos ao seu redor. “Tive a oportunidade de conhecer nosso empossado há mais de 25 anos”, afirmou, destacando que o colega “trouxe para a magistratura a fibra necessária para, sem perder o bom humor, enfrentar a rotina de audiências, despachos e sentenças”.

capa de ábum posse des. Guglielmetto

“Se não existe fórmula pronta para a atividade de um magistrado, comprometimento, sabedoria e coragem são ingredientes de base na formação de todo julgador, e isso Vossa Excelência já demonstrou ter ao longo da sua carreira, que continuará por muitos anos”, aclamou Lima. “O caminho é longo, mas quem corre por gosto não cansa”.

Desembargador Guglielmetto recebe faixa
Diante das filhas, Guglielmetto recebe a faixa do presidente do TRT-SC, desembargador Edson Mendes

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina, Acir Alfredo Hack, cumprimentou o novo desembargador e afirmou que sua escolha foi conquistada passo a passo, com persistência e dedicação. “Sua postura sempre foi pautada pela firmeza, simpatia e urbanidade com as partes, com sentenças céleres, lúcidas e imparciais. Isso o levou a conquistar o respeito e a admiração de todos aqueles que militam na seara trabalhista, dentre os quais me incluo”, disse. 

Representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), a conselheira estadual  Cláudia da Silva Prudêncio desejou sucesso ao novo desembargador, afirmando que Guglielmetto é um “juiz digno e simples, que sempre tratou a advocacia com respeito”.

Discurso

Último a discursar, Guglielmetto agradeceu a Deus, a sua família e a todos os magistrados e servidores que o ajudaram ao longo de sua carreira. O magistrado fez uma saudação especial à colega Lilia Leonor Abreu, lembrando que ela foi a responsável por sua inscrição no concurso para o TRT-SC, há 25 anos, quando os dois ainda eram advogados trabalhistas.

Emocionado, o homenageado também fez um agradecimento especial para a mãe, Dona Zilah, que estava presente na plateia, lembrando que, após sofrer um acidente de motocicleta, em Criciúma, contou com sua companhia durante todo o período de recuperação. Segundo ele, seus pais tiveram papel fundamental para que ele aprendesse a conviver de forma harmoniosa com as diferenças.

“Essa educação fará com que eu, diante das divergências, saiba aceitar as derrotas de meus votos com dignidade, e celebrar meus votos vencedores sem arrogância”, afirmou.

Sobre Lourdes Dreyer, desembargadora de quem herda a vaga no Plenário, o magistrado disse que “sua pessoa amiga e carismática e o seu reconhecido conhecimento jurídico são exemplos do bom julgador que age com serenidade e prudência e que busca aplicar o Direito com bom senso”.

Desafios do Judiciário

Após fazer um balanço de sua carreira e afirmar que guardava uma “imensa expectativa” de integrar a Corte, Guglielmetto passou a avaliar os desafios que cercam o Judiciário Trabalhista, destacando o impacto do novo Código de Processo Civil e a necessária consolidação da jurisprudência. Para o novo desembargador, o número de 3,1 milhões de novas ações trabalhistas em 2014 não deve ser comemorado.
 

Desembargador Roberto Guglielmetto recebe medalha do Desembargador Edson Mendes de Oliveira
Natural de São Paulo, Guglielmetto assume vaga deixada pela desembargadora Lourdes Dreyer

“O número de processos e metas aumenta a cada ano, e com elas a frustrante realidade de que todo esse esforço não resulta, necessariamente, na correção da ordem jurídica e na sua obediência por grande parte da sociedade”, ponderou. “Algo está errado e precisa ser revisto".

Na avaliação do desembargador, o processo judicial deve ser um mecanismo ágil e seguro para quem dele realmente necessitar e, ao mesmo tempo, um recurso oneroso para quem tentar tirar proveito do descumprimento à legislação. Em nome dessa segurança, Guglielmetto chegou a afirmar que abriria mão do seu convencimento em favor da jurisprudência pacificada dos tribunais superiores.

“Tenho dificuldade em aceitar o fato de que uma lide seja resolvida na base do sorteio, em que as partes ficam torcendo, como nos jogos de azar, para que a sua causa seja distribuída para esta ou aquela Turma”, criticou.

Ao encerrar seu discurso, o novo membro do Pleno disse que um de seus maiores desafios será se adaptar à redução no contato direto com as partes, que costuma ser menor na segunda instância, mas garantiu que vai buscar o aspecto humano das causas nas entrelinhas dos processos. “O destinatário principal do nosso trabalho sempre será a pessoa, o ser humano”, concluiu.

Leia também:Judiciário pede mudança’, afirma novo desembargador do TRT-SC


 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social - TRT-SC
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