Justiça do Trabalho deve servir de companheira firme dos trabalhadores, diz Lourdes Dreyer

08/05/2008 19h45

O juiz do trabalho deve enxergar a fragilidade humana para além dos processos, fugindo da cômoda interpretação fria da lei. Com essa filosofia, amparada em 19 anos de magistratura, é que Lourdes Dreyer tomou posse no cargo de juíza togada do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina, na vaga deixada pela aposentadoria da juíza Ione Ramos, ocorrida em fevereiro. A promoção de Lourdes, que durante nove anos foi juíza titular da 2ª Vara do Trabalho de Florianópolis, se deu pelo critério de merecimento. A solenidade aconteceu na sala de sessões do Pleno do TRT/SC, no final da tarde de terça-feira (08).

O discurso da juíza, embora sucinto, foi preciso na análise do que ela entende ser o papel da Justiça do Trabalho. Na opinião dela, a instituição deve continuar servindo como o “balcão de acolhida” dos trabalhadores. “A constante luta por melhores condições é deles, mas a Justiça do Trabalho deve lhes servir de companheira firme, apaziguadora de conflitos e humanizadora por natureza”, afirmou Lourdes.

A juíza alertou também para o grau de desigualdade econômica presente no mundo contemporâneo. Utilizando um conceito marxista, destacou que a “mais-valia” vem atingindo extremos na relação capital-trabalho, embora os ganhos de produtividade não estejam contribuindo para a elevação dos salários e das condições de trabalho. Chamou a atenção, também, para aquilo que denominou de “coisificação” do homem, em especial do trabalhador. “Como se já não fosse vitimado por fatores que o impedem à promoção social em termos de saúde, segurança e educação, o trabalhador enfrenta condições cruéis de trabalho e uma imponderável onda de flexibilização dos direitos trabalhistas”, disse.

Por fim, a nova juíza togada do TRT destacou o aumento de responsabilidade que terá daqui para a frente. “Responsabilidade potencializada pelo fato de que vou ocupar a vaga deixada pela estimada colega Ione Ramos, cuja trajetória neste Tribunal é reconhecida e louvada por todos, em razão do seu caráter e afabilidade e sua enorme preocupação com o lado social da aplicação do Direito do Trabalho”, elogiou Lourdes.

A solenidade de posse foi permeada por outras atrações. O coral do TRT interpretou as músicas “Ponta de Areia”, de Milton Nascimento, e “Como uma onda”, de Lulu Santos. A vice-presidente do Tribunal, juíza Maria do Céo de Avelar, discursou em nome da instituição, destacando o fato de Lourdes sempre ter se comportado de forma independente. “Seu comprometimento foi apenas um: com as questões sociais”, afirmou Maria do Céo. O advogado Diogo Nicolau Pítsica falou em nome da OAB/SC, instituição da qual é conselheiro, enquanto o procurador Acir Alfredo Hack parabenizou a juíza em nome da Procuradoria Regional do Trabalho catarinense, órgão chefiado por ele.
 

juíza Lourdes Dreyer toma posse no TRT


Gaúcha da capital, Porto Alegre, a juíza Lourdes Dreyer formou-se em Direito em 1981 pela Faculdade Integrada de Santa Cruz do Sul (RS). Seu ingresso no serviço público, porém, deu-se dois anos antes: em 1979, começou a trabalhar na então Junta de Conciliação e Julgamento da mesma Santa Cruz do Sul. Tornou-se magistrada em 1989, pela Justiça do Trabalho catarinense. Três anos depois, foi promovida à juíza-presidente da Junta de Conciliação e Julgamento (JCJ) de Joaçaba.

Posteriormente, presidiu a 2ª JCJ de Blumenau, de 1993 a 1998, sendo então designada para a Direção do Foro Trabalhista, em outubro daquele ano. Durante três meses atuou como juíza-presidente da 1ª JCJ de Balneário Camboriú. Desde 1999 ocupava a titularidade da 2ª Vara do Trabalho de Florianópolis (com a extinção dos representantes classistas, naquele ano, as JCJs passaram a se chamar Varas do Trabalho), sendo convocada constantemente para atuar no 2º Grau.
 

público na posse da juíza Lourdes Dreyer no TRT



Fonte: Ascom TRT/SC 

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