Desembargadora Lília Leonor Abreu se aposenta do TRT-SC

Decana investiu em mobiliário ergonômico e abriu as portas do Tribunal para a academia quando esteve na Presidência

21/02/2022 18h43, atualizada em 22/02/2022 13h46
Adriano Ebenriter

O decreto de aposentadoria da desembargadora do TRT-SC Lília Leonor Abreu foi publicado no Diário Oficial nesta segunda-feira (21). Nomeada em maio de 1993 para ocupar uma das vagas destinadas à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a magistrada se despede do cargo após 29 anos de dedicação à Justiça do Trabalho catarinense. 

A desembargadora presidiu o TRT-SC de março de 2000 a março de 2002. Sua gestão foi marcada pela preocupação com a prevenção das lesões por esforços repetitivos (LER) - em 2001, o TRT-SC chegou a adquirir maquinário para fabricação de mesas de trabalho conforme padrões ergonômicos adotados internacionalmente, iniciando a mudança em seu mobiliário.

Foi ela também que inaugurou o Programa de Visitação Pública, com o propósito de apresentar o Tribunal a acadêmicos de Direito e a cidadãos interessados em conhecer um pouco mais sobre a Justiça do Trabalho. Só nos últimos 10 anos foram mais de 6 mil visitantes.

A gestão de Lília Abreu promoveu a melhoria da estrutura física e funcional das unidades do Tribunal, entre elas as novas varas de Joaçaba e Joinville. Ela também incentivou a criação de Centrais de Mandados, para otimizar o trabalho dos oficiais de justiça, e criou a Ouvidoria, com o objetivo de conseguir um diagnóstico sobre a qualidade e a eficiência dos serviços prestados pela Corte. 

Ainda buscando aproximar o Judiciário da sociedade, lançou em 2001 o programa de entrevistas Justiça do Trabalho na TV, exibido pela TV Justiça por cerca de 16 anos. 

Última sessão

A última sessão da decana foi marcada por homenagens. No início dos trabalhos, o presidente do TRT-SC, desembargador José Ernesto Manzi, enalteceu a carreira da magistrada e o seu “fino trato” com todos, além de destacar a posição que a desembargadora alcançou. 

“Em uma época em que ainda estamos vendo a luta da mulher para conquistar seu espaço, é preciso parabenizar a desembargadora que há décadas logrou destaque e atingiu esse cargo”. O presidente ainda exaltou as características da colega. “Serena e técnica em seus julgamentos, a magistrada fará falta nesta Corte”, concluiu. 

A desembargadora Ligia Maria Teixeira Gouvêa, agora decana do Tribunal, manifestou-se em seguida. Vice-presidente na época em que a colega comandou o Tribunal, lembrou de quando trabalharam juntas. “O desembargador Manzi foi muito feliz ao destacar o equilíbrio e a sensatez da desembargadora Lília, que sai numa fase bastante boa, com muita perspectiva pela frente. Felicidades”, desejou.

Os outros desembargadores e desembargadoras também prestaram homenagens, assim como a presidente da Amatra 12, juíza Patrícia Pereira de Sant’Anna. Alguns contaram histórias de como foram acolhidos pela desembargadora ao chegarem no segundo grau, outros recordaram os ensinamentos da “professora Lília”, pois foram seus alunos no curso de Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A convite do presidente Manzi, a sessão também teve a participação surpresa do advogado Álvaro Armando de Oliveira Abreu Júnior, sobrinho e discípulo intelectual da desembargadora.

Com um sorriso e um semblante sereno, a desembargadora agradeceu as palavras e disse que há um ano se prepara para este momento. “O TRT transformou minha vida. Os meus amigos são os colegas e os servidores que me acompanharam ao longo de quase três décadas. Tive uma vida muito feliz e alegre e saio satisfeita com a sensação de dever cumprido”, avaliou a desembargadora, concluindo que sempre trabalhou com o que amava: o Direito do Trabalho.  

 

print da tela de videoconferencia da sessão do Tribunal Pleno
Desembargadora Lília Abreu (terceira linha de cima para baixo, à direita), em sua última sessão do Pleno

 

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