Com servidores atuando como conciliadores, 3ª VT de Chapecó lidera índice de acordos no estado

Foram quase 1,5 mil conciliações até outubro, resultando em nove acordos em cada 10 processos solucionados

11/12/2014 13h12
Juíza Vera Marisa Ramos em audiência
Juíza Vera Marisa e servidora Rosane Ribas (em pé) durante audiência na 3ª VT de Chapecó: desafio é identificar o conflito que não está explícito no processo


Instalada em maio de 2013 e uma das caçulas da Justiça do Trabalho catarinense, a 3ª Vara do Trabalho de Chapecó obteve o melhor índice de conciliação nos primeiros dez meses deste ano. Foram 90,43% de acordos em relação ao total de processos solucionados, totalizando 1.437 processos conciliados. Os dados foram extraídos do sistema e-Gestão, responsável pelo gerenciamento das informações estatísticas do Judiciário Trabalhista.

Um dos principais motivos do sucesso, segundo a única juíza da vara, Vera Marisa Vieira Ramos, é o trabalho em equipe. Os dois assessores de juiz lotados na unidade atuam como conciliadores, sob a supervisão e orientação permanente de Vera Marisa. “Eles têm um papel decisivo, pois adotamos a prática de abordar as partes antes do início das audiências para tentar identificar o foco principal do conflito”, explica a juíza.

De acordo com ela, é normal que as diversas reivindicações apresentadas numa ação trabalhista venham a reboque de uma principal, geralmente responsável pela mágoa do trabalhador com a empresa. “Pode ser a demissão por justa causa sem motivo, as horas extras não pagas ou mesmo o FGTS não recolhido. O importante é disponibilizar tempo para ouvir as insatisfações das partes, sem olhar para o relógio”, ensina a magistrada.

A servidora Rosane Salete Frarre Ribas, que ao lado do colega Ronaldo Tortorá atua como conciliadora na 3ª VT de Chapecó, concorda com a análise da juíza. “O maior desafio é identificar justamente aquilo que não está explícito no processo”, diz ela, que possui um curso sobre técnicas de mediação aplicadas à conciliação, ministrado pelo próprio TRT-SC.

A busca pelo acordo ocorre tanto nas audiências iniciais e tentativas de conciliação, como nas de instrução e encerramento. “Na 3ª Vara sempre é tempo de conciliar”, garante a magistrada. A conciliação é levada tão a sério na unidade que existe até uma portaria (nº 01/2014) regulamentando a atividade dos conciliadores. A norma criou uma espécie de “kit acordo”, preparado pelas estagiárias da unidade e que inclui um resumo dos principais pedidos da ação e dos argumentos da defesa, uma pasta contendo os laudos de insalubridade e periculosidade de casos semelhantes, máquina de calcular e acesso à internet para verificação da jurisprudência do TRT-SC e do TST.

Dez dias de prazo

Na abordagem das partes, os conciliadores verificam a possibilidade de acordo e a existência de propostas. Em caso positivo, disponibilizam a sala de conciliação, reservada, para que as partes possam conversar entre si ou isoladamente. Conforme a necessidade, os servidores entram em ação ponderando os riscos do processo, principalmente quanto à dificuldade ou à evidência das provas e em razão das divergências jurisprudenciais sobre o caso concreto.

Para viabilizar o acordo, a 3ª VT de Chapecó também facilita a entrega da defesa. O advogado pode protocolar a peça até uma hora antes da audiência, sem os documentos. A juntada deles ao PJe-JT somente será necessária se não houver conciliação em audiência, e com um prazo bastante atraente para o advogado: 10 dias. “Acredito que isso também incentiva a conciliação, pois agiliza muito a rotina do advogado”, diz a magistrada, ressaltando que esse procedimento foi ajustado com a própria OAB local.

 

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social - TRT-SC
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