Ejud: Imposição agressiva de metas contribui para a depressão no trabalho, afirma especialista

07/04/2017 16h20
Psicanalista Bruno Farah
Farah é doutor em Teoria Psicanalítica pela UFRJ/Université Denis Diderot-Paris 7


 

A depressão e a violência andam juntas, inclusive nas organizações. A afirmação foi feita pelo doutor em Teoria Psicanalítica Bruno Farah, palestrante que abriu o último dia do 1º Módulo de Formação Continuada da Escola Judicial do TRT-SC (Ejud), na sexta-feira (7), no auditório da Justiça Federal, em Florianópolis.

O tema central dos estudos da Escola Judicial deste ano é a crescente litigiosidade na Justiça do Trabalho, incluindo seu impacto na saúde de magistrados e servidores. De acordo com o palestrante, o avanço da depressão no trabalho é um reflexo da imposição agressiva de metas no ambiente corporativo.

Farah, que também é psicólogo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), explicou que a depressão – ou o “mal do século”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) – é resultado de uma sociedade muito agressiva. Nas organizações, essa violência se manifesta quando são estabelecidas metas, mas não são dadas as condições para cumpri-las.

“Uma missão impossível dá uma profunda sensação de incompetência”, reforçou Farah. “A pressão por um resultado irrealizável gera desamparo, paralisia, vergonha e raiva. Por outro lado, a capacidade de agir é o eixo da saúde”, lembrou o psicólogo, destacando que a verdadeira autonomia passa longe de rígidos limites.
 

Fortalecimento coletivo
 

Desembargador Roberto Guglielmetto com juiz Ricardo Jahn e psicanalista Bruno Farah
O juiz Ricardo Jahn (e) e o desembargador Roberto Guglielmetto (c) também compuseram a mesa de debates


Para evitar esse quadro, o caminho proposto por Farah foi o do fortalecimento coletivo. “A organização não pode mais dizer: 'Se vire!'. As defesas individuais, como a raiva, são frágeis, e acabam se transformando em doença. A depressão aparece quando falta sentido, e o sentido só se produz coletivamente, por meio de projetos coletivos de gestão que promovam o bem-estar e a saúde. Uma verdadeira gestão participativa”, concluiu.

Também compuseram a mesa o juiz Ricardo Jahn e o desembargador Roberto Guglielmetto, gestores nacional e regional do Programa Trabalho Seguro (PTS), respectivamente. Guglielmetto lembrou que o foco do PTS neste ano são exatamente os cuidados com a saúde mental no ambiente de trabalho. De acordo com dados da Previdência Social, 75,3 mil trabalhadores foram afastados do trabalho no Brasil por culpa da depressão no ano passado.
 

Álbum fotos Ejud

 

 

Texto e fotos: Carlos Nogueira
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