“Isso aí é veneno de verdade?” — pergunta o menino de nove anos, apontando para o galão de plástico, que está ao lado das mudas de cebola e de uma enxada. O olhar curioso sobre os objetos pouco familiares se arregala ao saber que crianças como ele têm de plantar, por dia, até mil plantas como aquela, debaixo de sol e chuva. “E o que acontece com ele se não conseguir?”, indaga.
A instalação no hall da Biblioteca Pública de Santa Catarina marca o primeiro contato de uma turma de estudantes da rede pública de Florianópolis para um problema que, embora aparentemente distante, faz parte do cotidiano de uma em cada dez crianças e adolescentes do estado. Não é pouco: com mais de 120 mil crianças e adolescentes de até 17 anos atuando no mercado, Santa Catarina possui o segundo maior índice de trabalho precoce do país.
A mostra cumpre sua função de provocar perguntas, que vão se sucedendo: “São as próprias famílias que botam eles para trabalhar?”, quer saber uma aluna. “O que é isso de trabalho doméstico, moço?” questiona outro, apontando um cartaz. “Conheço um menino que trabalha com os pais”, comenta um terceiro — “Mas é um trabalho do bem, e não do mal”, ressalta, antes de ser distraído pelo jogo eletrônico no qual o herói tem de escapar de objetos cortantes e perigosos.
A exposição itinerante “Um mundo sem trabalho infantil”, organizada pelo Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho, fica na Biblioteca até a próxima segunda-feira (10). Depois, segue para o prédio da Câmara de Vereadores da Capital e em seguida deve percorrer o interior do estado. Antes de sair, a turma recebe uma cartilha que, talvez, renda mais perguntas difíceis em casa, sensibilizando duas gerações para um tema que precisa ser enfrentado. As sementes estão plantadas.
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Programe-se:
Exposição: “Um mundo sem trabalho infantil”
Onde: Biblioteca Pública de SC (Rua Tenente Silveira, 343 - Centro)
Quando: 3 a 10 de outubro
Horário: 8h às 19h (seg a sex) / 8h às 11h45min (sáb)
Texto e fotos: Fábio Borges
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