Psicólogo fala das influências na coleta de um depoimento

19/05/2011 16h53

 

Palestrante na Escola Judicial, Jorge Trindade

Com o tema "Psicologia e Comunicação", começou nesta quinta-feira (19) o 2º Módulo de 2011 da Escola Judicial do TRT. Mestre em Desenvolvimento Comunitário e doutor em Psicologia, o professor Jorge Trindade falou sobre a psicologia do depoimento. Jorge começou a explanação dizendo que existem diversas influências na coleta de um depoimento, sendo a primeira a própria maneira de o juiz se comunicar com o depoente. "A confiança tem que ser passada oralmente, já no cumprimento. Qualquer "ameaça" pode fazer com que a pessoa se feche e dali não sai mais nada", explicou.

Outra influência é do tempo. "No processo, trabalhamos apenas com a memória dos fatos, que se exaurem em si mesmos". De acordo com Trindade, como na grande maioria das vezes a oitiva acontece tempos depois dos eventos, a memória é puxada e vem com "contaminações". Para ele, além do tempo, as emoções também influenciam na memória, mesmo que inconscientemente, principalmente quando existem traumas.

Mostrando imagens que causam ilusões de ótica, o professor quis demonstrar que cada pessoa tem uma forma peculiar, subjetiva, de perceber um fato. Na prova testemunhal, medidas de tempo, velocidade e distância, por exemplo, são diferentes para cada um e também influenciam. "Não é porque duas testemunhas dizem números opostos que uma delas está mentindo. As experiências, o grau de inteligência e conhecimento, entre outros fatores, influenciam na percepção. O magistrado precisa ter habilidade de compreender essas variáveis".

O ato de depor é muito complexo porque envolve, ainda, a questão da própria linguagem. No caso de um repertório escasso de palavras, o depoente pode recorrer às mesmas, com frequência, se referindo a coisas bem diferentes. "Cabe ao magistrado ser hermeneuta, intérprete, e decodificar o que a testemunha quer dizer".

Amanhã (20), a professora Tania Almeida, mestranda em Mediação de Conflitos na Universidad de Buenos Aires, vai falar sobre métodos alternativos de solução de controvérsias.

 

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do TRT/SC
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