Ejud e Sintrajusc promovem 1º Encontro de Direito e Cinema com exibição do documentário “Servidão”

Após exibição, ocorreu um momento de debate com o cineasta Renato Barbieri sobre as formas contemporâneas de escravidão

02/08/2024 15h48, atualizada em 05/08/2024 14h15
Clayton Wosgrau

A Escola Judicial (Ejud) do TRT-SC, em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal no Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), realizou o 1º Encontro de Direito e Cinema no Centro Integrado de Cultura (CIC) nesta quinta-feira (1/08). Para a estreia, foi exibido o documentário “Servidão”, com a presença do diretor Renato Barbieri, o mesmo de Pureza (link externo). A entrada foi gratuita e aberta ao público.

O documentário revela que, apesar da assinatura da Lei Áurea em 1888, cerca de 369 mil brasileiros ainda vivem em condições de trabalho análogas à escravidão. A produção, dirigida por Barbieri e Neto Borges, traz depoimentos de abolicionistas contemporâneos e trabalhadores rurais que foram vítimas da escravidão moderna, investigando uma sociedade que, há cinco séculos, continua a subjugar a mesma categoria de pessoas.

Embora o trabalho escravo seja um crime previsto no Código Penal Brasileiro, o regime de servidão persiste em várias regiões do país, especialmente na Amazônia.

Fotografia de um auditório de teatro. À esquerda, pessoas estão sentadas em cadeiras na plateia. À direita, quatro pessoas estão sentada em cadeiras no palco e, ao fundo, um tela projeta o título do documentário: Servidão
Primeira edição do evento aconteceu no Cinema do Centro Integrado de Cultura

 

Debate sobre o tema

 

Após a exibição, um debate foi mediado pela diretora da Ejud12, desembargadora Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez, e pela juíza Ângela Konrath, coordenadora do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante em Santa Catarina (Pete+).

Adailton Pires Costa, servidor do TRT-SC e um dos coordenadores do Sintrajusc, destacou a importância de reconhecer a presença histórica e contemporânea da escravidão em Santa Catarina. “Muitas vezes, quem mora em Florianópolis acredita que essa dimensão do tráfico de escravos é reservada somente à região do Rio de Janeiro ou outros lugares. Mas aqui temos nossos ‘cais do Valongo’ (link externo), como os extintos trapiches da Rua Trajano e o da Alfândega, onde vários escravos desembarcaram. Precisamos pesquisar essas realidades para que elas não continuem se repetindo, como temos visto.”

 

Preservar a memória

 

O cineasta Renato Barbieri também enfatizou a importância do cinema na preservação da memória histórica. “A gente faz cinema para promover o movimento contra o esquecimento da história. Quem não tem história não tem valor. Muita gente pensa que a escravidão acabou em 13 de maio de 1888. O que muitos não sabem é que a escravidão, em sua forma contemporânea, começou no dia seguinte, 14 de maio de 1888. Ou seja, o Brasil nunca teve um dia sequer como nação livre. Conhecemos muito pouco das nuances do movimento da Independência e do abolicionismo, e o cinema vem para elucidar essas verdades que muitas vezes a escola não mostra, gerando uma nova percepção da consciência da nossa história”, refletiu.
 

Seies pessoas posam em pé para a foto em um auditório de teatro, sendo dois homens e quatro mulheres. Ao fundo, há pessoas sentadas em cadeiras de auditório.
A partir da esquerda: Adailton Costa, Quézia Gonzalez, Ângela Konrath, 
juízas Desirré Bolmann e Maria Beatriz Gubert e Renato Barbieri


Texto: Andréa Gonçalves (estagiária) 
Secretaria de Comunicação Social
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