Conflitos devem ser superados, e não afastados, defende especialista em Justiça Restaurativa

16/08/2019 17h30, atualizada em 31/10/2019 13h36

"Conflitos não devem simplesmente ser afastados, mas sim superados”, afirmou a psicóloga e referência em Justiça Restaurativa no país, Mônica Mummie, aos magistrados do TRT-SC na sexta (16), último dia do 3º Módulo de Estudos da Escola Judicial.

Para a psicóloga, a sociedade está acostumada a lidar com os conflitos afastando-se deles, e delegando a um terceiro o poder de resolvê-los, o que nem sempre encerra a questão. “Dessa maneira elimina-se nas pessoas a reflexão sobre a consequência de seus atos, além de sobrecarregar as instituições”, afirmou.

Como alternativa, a psicóloga apresentou a Justiça Restaurativa, definida por ela como uma filosofia – e não uma simples técnica –, que oferece um novo olhar para a superação de conflitos, sejam eles ocorridos em âmbito profissional ou pessoal. Com a consultoria de Mônica Mummie, a Justiça Restaurativa se tornou política nacional em 2016, por meio da Resolução 225, editada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Eu sempre achei que Justiça tinha a ver com sentença, mas ao longo dos anos descobri que tem a ver com liberdade. É a libertação daquele sentimento que levou a pessoa até ali”, pontuou a psicóloga, acrescentando que a maneira adequada de isso acontecer é pela escuta dos envolvidos em um conflito, ou seja, “convidando a pessoa a contar sua história de uma forma um pouco mais comprida do que ela está acostumada a contar”.

Mônica questionou o ciclo vicioso dos conflitos, no qual um ato de violência acaba sendo resolvido de maneira também violenta, como a imposição de uma sentença. De acordo com ela, é preciso pensar na Justiça como algo educativo, “encarando o conflito”, para que assim ele não se repita.

“Estou propondo revisitar o lugar de juiz e juíza, que é um lugar de humanidade”, ressaltou a psicóloga, emendando que “conforme escutamos, vemos que atrás de um conflito existe a dor, a história, a experiência vivida. Se entendermos que a Justiça é aprender a ouvir histórias, teremos um lugar amplo para trabalhar”, concluiu.

 

Texto: Carlos Nogueira / Foto: Adriano Ebenriter
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