A depressão e a violência andam juntas, inclusive nas organizações. A afirmação foi feita pelo doutor em Teoria Psicanalítica Bruno Farah, palestrante que abriu o último dia do 1º Módulo de Formação Continuada da Escola Judicial do TRT-SC (Ejud), na sexta-feira (7), no auditório da Justiça Federal, em Florianópolis.
O tema central dos estudos da Escola Judicial deste ano é a crescente litigiosidade na Justiça do Trabalho, incluindo seu impacto na saúde de magistrados e servidores. De acordo com o palestrante, o avanço da depressão no trabalho é um reflexo da imposição agressiva de metas no ambiente corporativo.
Farah, que também é psicólogo do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), explicou que a depressão – ou o “mal do século”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) – é resultado de uma sociedade muito agressiva. Nas organizações, essa violência se manifesta quando são estabelecidas metas, mas não são dadas as condições para cumpri-las.
“Uma missão impossível dá uma profunda sensação de incompetência”, reforçou Farah. “A pressão por um resultado irrealizável gera desamparo, paralisia, vergonha e raiva. Por outro lado, a capacidade de agir é o eixo da saúde”, lembrou o psicólogo, destacando que a verdadeira autonomia passa longe de rígidos limites.
Fortalecimento coletivo
Para evitar esse quadro, o caminho proposto por Farah foi o do fortalecimento coletivo. “A organização não pode mais dizer: 'Se vire!'. As defesas individuais, como a raiva, são frágeis, e acabam se transformando em doença. A depressão aparece quando falta sentido, e o sentido só se produz coletivamente, por meio de projetos coletivos de gestão que promovam o bem-estar e a saúde. Uma verdadeira gestão participativa”, concluiu.
Também compuseram a mesa o juiz Ricardo Jahn e o desembargador Roberto Guglielmetto, gestores nacional e regional do Programa Trabalho Seguro (PTS), respectivamente. Guglielmetto lembrou que o foco do PTS neste ano são exatamente os cuidados com a saúde mental no ambiente de trabalho. De acordo com dados da Previdência Social, 75,3 mil trabalhadores foram afastados do trabalho no Brasil por culpa da depressão no ano passado.
Texto e fotos: Carlos Nogueira
Secretaria de Comunicação Social - TRT/SC
Núcleo de Redação, Criação e Assessoria de Imprensa
(48) 3216-4306 / 4307 /4348 - secom@trt12.jus.br