Desembargadora Teresa Cotosky entra em exercício a partir de 7 de janeiro e irá compartilhar administração com Mirna Bertoldi (vice) e Reinaldo de Moraes (corregedor)
Ao longo de quatro décadas dedicadas à Justiça do Trabalho, a desembargadora Teresa Regina Cotosky construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com o serviço público. Curitibana de nascimento, iniciou a carreira como servidora do TRT-9, em 1984, e ingressou na magistratura catarinense em 1990, passando por diversas Varas do estado até chegar ao segundo grau, em 2012.
Agora, assume a partir de 7 de janeiro a presidência do Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (TRT-SC) para o período 2026/2028, após ter exercido funções estratégicas como vice-presidente, diretora da Escola Judicial, ouvidora, gestora regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil e de Estímulo à Aprendizagem e presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral, Assédio Sexual e Discriminação do Tribunal.
Com uma longa experiência, Teresa Cotosky reafirma seu compromisso com a gestão participativa e o diálogo institucional. Nesta entrevista concedida à Secretaria de Comunicação Social em seu gabinete, a Presidente fala sobre sua trajetória, desafios e prioridades da sua gestão.
A senhora tem uma longa trajetória na Justiça do Trabalho catarinense, passando por várias cidades até chegar ao Tribunal. O que representa, pessoalmente, assumir a Presidência do TRT-SC depois dessa caminhada?
Para mim é muito gratificante poder ocupar esse cargo, após ter vivenciado tantas experiências, seja como servidora no meu estado natal, seja como magistrada em Santa Catarina, e aqui conhecendo a realidade de tantas regiões geoeconômicas distintas. Ao mesmo tempo é um desafio enorme, pois a área de gestão demanda novas habilidades, e naturalmente o desejo de quem se propõe a esta tarefa é o de, além de manter a estrutura em funcionamento com o nível de excelência já atingido, fruto do trabalho das administrações anteriores, também implementar novos projetos e iniciativas visando ao aprimoramento institucional.
Ao longo dessa jornada, quais experiências mais influenciaram sua forma de enxergar a magistratura e a gestão pública?
Penso que toda a interação que o juiz do trabalho tem com as partes e os advogados, na sala de audiências, é sempre muito rica. A partir dela aprendemos a conhecer o ser humano e deparamo-nos com os diversos modelos de gestão, tanto em empresas privadas como nas empresas vinculadas à administração pública indireta. A titularidade da Vara e depois o trabalho em gabinete, no Tribunal, igualmente já nos colocam como gestores de pequenas células, e vamos nos familiarizando com os desafios impostos ao administrador público.
O TRT-SC tem se destacado nas áreas de tecnologia e inovação. Como a senhora pretende dar continuidade a esse processo de fortalecimento?
O Relatório Justiça em Números, do CNJ, aponta um crescimento de casos novos nesta Justiça Especializada da ordem de 14,5%, e de outro lado se observa um percentual médio considerável de cargos vagos de servidores (7,3%), notadamente em função de aposentadorias concedidas. O binômio aumento da carga de trabalho em contraposição à redução do quadro de pessoal nos Tribunais, além de novas demandas nas áreas administrativa e judiciária, nos leva necessariamente ao desenvolvimento de novas tecnologias, e para tanto precisamos contar com a criatividade e o conhecimento técnico do Labinova e da SETIC do nosso Tribunal, que ao longo dos anos vêm se destacando na entrega de soluções, várias delas utilizadas nacionalmente. Penso que o reforço nos quadros, no que se mostrar necessário, e o oferecimento de novas atividades de capacitação aos servidores atuantes nessas áreas pode contribuir em muito para esse fortalecimento da inovação.
A Justiça do Trabalho já vem incorporando ferramentas de inteligência artificial, como o Chat-JT. Diante desse cenário, como a senhora avalia o papel dessa tecnologia no futuro do Judiciário trabalhista e quais cuidados considera importantes para garantir seu uso responsável?
O uso da inteligência artificial no Judiciário Trabalhista já é uma realidade e certamente se expandirá ao longo dos próximos anos. O cuidado que se deve ter é o de garantir a supervisão e validação humanas, com a necessária regulamentação pelos órgãos competentes.
Nos últimos anos, o TRT-SC também tem ampliado ações voltadas à equidade, diversidade e inclusão social. Como essas questões aparecem nas prioridades da nova gestão?
Estes temas devem sempre ser tratados prioritariamente e repetidamente colocados em evidência pois, a meu ver, a questão é a de construir uma cultura organizacional que os assegure. E neste ponto as iniciativas da Escola Judicial, bem assim do Programa de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade, além das diversas campanhas da Secretaria de Comunicação são imprescindíveis, e serão fomentadas e intensificadas.
Durante o período em que foi vice-presidente e diretora da Escola Judicial, a senhora acompanhou de perto a formação continuada de magistrados, magistradas, servidores e servidoras. Na sua visão, qual é o papel da educação institucional na consolidação de uma Justiça mais eficiente e humana?
A Escola Judicial, ao abordar temáticas humanistas, trazendo instrutores das mais diversas áreas para apresentá-las, observando, naturalmente, a diversidade de raça e gênero, certamente promove a reflexão e sensibiliza os juízes e as juízas, habilitando-os a analisar os casos que lhes são submetidos não só com o devido espírito crítico, mas também com um olhar social.
O TRT-SC tem uma atuação reconhecida nas campanhas de combate ao trabalho infantil, de promoção da aprendizagem e de incentivo ao trabalho seguro. Como a senhora pretende fortalecer esses programas institucionais?
Para o próximo biênio já está previsto um aumento no número de vagas do programa de aprendizagem do nosso Regional, que desde que foi criado, em 2021, tem sido extremamente exitoso em seus objetivos. Igualmente haverá atividades destacadas para os alunos de escolas públicas, num projeto que visa integrar nosso Tribunal à sociedade. No mais, procuraremos apoiar as ações propostas pelos Gestores dos Programas, reforçando as parcerias já existentes e buscando o estabelecimento de novas.
Como presidente da Comissão de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e Sexual do tribunal, quais os principais desafios do TRT-SC para garantir ambientes de trabalho mais seguros e respeitosos?
Também aqui a questão é cultural. Passa pelo respeito ao outro, e este é um exercício diário. A organização toda deve estar voltada para a construção de ambientes livres de assédio e a Administração precisa demonstrar o seu compromisso com este propósito. Precisamos capacitar tanto os gestores como os integrantes das equipes, garantir a apuração isenta dos casos que nos são trazidos, dar destaque ao tema por meio de campanhas institucionais. O esforço coletivo certamente nos ajudará a avançar nessa temática.
O Judiciário tem buscado cada vez mais se aproximar das pessoas comuns e uma das formas tem sido o uso da linguagem simples. Nesse sentido, como a senhora enxerga o papel da comunicação pública na aproximação da JT com a sociedade?
Neste momento em que se intensifica, num senso geral, a ideia de que a precarização das relações de trabalho é positiva no contexto social, mostra-se de suma importância que o TRT12 chegue ao cidadão por intermédio de todos os meios de comunicação, inclusive as redes sociais, enfatizando o seu papel e destacando quais os direitos elementares de um trabalhador, e isso só se faz de forma eficiente se a linguagem for adequada a quem recebe tal mensagem. E naturalmente quem está apta para executar tal tarefa é a Secretaria de Comunicação, cuja atuação vem ganhando relevância especial nesses últimos anos.
Entrevista: Letícia Cemin
Secretaria de Comunicação Social
Divisão de Redação, Criação e Assessoria de Imprensa
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