Palestra de Márcia Piazza nesta sexta-feira (27/6) marcou encerramento do 2º Módulo de Formação Continuada da Ejud-12
“Não importa a plataforma, não importa a postagem, o que importa é o respeito à pessoa humana”. A frase foi dita pela professora e advogada Márcia Andreia Schutz Lirio Piazza, na manhã desta quinta-feira (27/6), durante a palestra “Redes sociais e relações de trabalho”.
A atividade marcou o encerramento do 2º Módulo de Formação Continuada da Escola Judicial do TRT-SC (Ejud-12), realizada no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC) de Criciúma.
Exposição e responsabilização
Doutora em Desenvolvimento Socioeconômico e coordenadora do curso de Direito da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc), Márcia Piazza destacou que as redes sociais alteraram significativamente os limites entre o pessoal e o profissional.
Segundo ela, o tempo médio de uso diário por brasileiros, de três a quatro horas, reflete o grau de inserção dessas plataformas digitais no cotidiano. Esse contexto tem gerado novas situações de conflito, como a divulgação de imagens do ambiente de trabalho em perfis pessoais, o desabafo público de questões íntimas e o envolvimento de trabalhadores em conteúdos promocionais sem consentimento formal.
“Há casos em que o próprio perfil do empregado se torna uma extensão da marca da empresa, ainda que ele não tenha sido contratado para isso”, exemplificou.
Respeito como parâmetro
Segundo ela, enquanto não houver normas específicas regulando as redes sociais no contexto profissional, o parâmetro mínimo deve ser o respeito, tanto da parte do empregador quanto do empregado. Isso significa reconhecer a dignidade do outro, recusar qualquer forma de discriminação e adotar condutas compatíveis com o bom convívio.
Orientações práticas
Márcia Piazza deu algumas orientações práticas sobre como agir no contexto apresentado. Empresas, por exemplo, podem definir políticas de conduta para uso das redes durante o expediente ou restringir a exposição de informações institucionais, desde que com justificativas. Também devem, de acordo com ela, fornecer os equipamentos necessários sempre que exigirem que o trabalhador utilize ferramentas digitais como parte das suas funções.
Já do ponto de vista do empregado, a orientação é que se avalie, com cautela, o conteúdo e o alcance de qualquer publicação. Segundo a professora, críticas feitas em redes sociais nem sempre configuram conduta ilícita, mas podem gerar repercussões, a depender do teor e da forma como são feitas.
Postagem sem volta
Para a professora, o desafio está em reconhecer que a presença digital já é parte do cotidiano profissional, e que isso impõe um novo tipo de cuidado. Nesse sentido, ela concluiu deixando um alerta:
“O tempo e o vento que passam por nós a gente não recupera. A postagem também não. É possível editar, excluir, mas se a rede andou, nós não retiramos mais. Isso nos exige uma responsabilidade muito maior”, ressaltou.
A atividade foi mediada pelo titular da 1ª Vara do Trabalho de Criciúma, juiz Armando Luiz Zilli. Na sequência, encerrando o evento, os presentes puderam acompanhar a exposição "Fragmentos da história de Criciúma", conduzida pelo radialista e escritor Archimedes Naspolini Filho. Ainda durante a manhã, os magistrados e magistradas participaram de uma oficina sobre “Processo Participativo de Metas”, conduzida pelos servidores da Secretaria de Gestão Estratégica e Governança do TRT-SC (Segest) Gustavo Ibarra, diretor; Marco Bazéggio, coordenador de estatística; e Fábio Rebelo, coordenador de desenvolvimento institucional.

Texto: Carlos Nogueira
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