As seis participantes representaram as distintas categorias profissionais que atuam no órgão: desembargadora, juíza, servidora, terceirizada, jovem aprendiz e estagiária
Mudar de cidade, conciliar carreira e maternidade e encarar os desafios permanentes de uma rotina que inclui, além da vida pessoal, múltiplas funções. Esse foi o contexto que permeou uma roda de conversa entre seis mulheres, representantes de todas as categorias profissionais do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC), na sala de sessões do Pleno na última sexta-feira (14/3).
Participaram do bate-papo “Mulheres do trabalho” a desembargadora Mari Eleda Migliorini; a juíza Adriana Custódio Xavier de Camargo; a servidora Felícia Albuquerque Lima Pessoa; a estagiária Nayane Raquel Rocha da Conceição; a jovem aprendiz Eduarda Cristina Cardoso Rita e a funcionária terceirizada Josiane Santos Passos. O diálogo foi mediado pela magistrada Maria Beatriz Vieira da Silva Gubert, coordenadora pedagógica da Escola Judicial do tribunal (Ejud-12), responsável pela organização do evento.
Uma das atividades programadas pelo tribunal para marcar o Mês da Mulher, a Roda de Conversa foi aberta pela desembargadora Quézia de Araújo Duarte Nieves Gonzalez, vice-presidente do TRT-SC e diretora da Ejud-12.
Rede de apoio
“Me tornei uma pessoa muito melhor depois que o João nasceu”, destacou a juíza Adriana de Camargo ao contar sua história. Nascida em Santa Fé do Sul (SP), ela é casada e se tornou mãe há 15 anos. Filha de costureira, trabalhou desde cedo e precisou focar nos estudos para crescer profissionalmente. Antes de passar no concurso para a magistratura, em 2006, foi servidora da Justiça do Trabalho.
Ela disse que os maiores desafios de sua vida foram se tornar juíza e conciliar a maternidade com a carreira, principalmente no início. “A vida é feita de batalhas, por isso nunca desista, tente sempre outra vez e busque uma rede de apoio”, concluiu.
A expressão “rede de apoio” foi ouvida repetidamente ao longo da conversa, contextualizada de diferentes formas. Inclusive pela servidora Felícia Pessoa, que iniciou sua fala afirmando estar “cercada de mulheres incríveis”, que a ajudaram e ajudam a superar desafios.
Felícia veio de Fortaleza (CE) diretamente para Criciúma (SC). Além de enfrentar as diferenças culturais entre Santa Catarina e o Ceará, tornou-se mãe logo ao chegar e descobriu que não só seu filho, Leon, é autista: o marido, Lucas, também.

“A parte mais difícil de ser mulher é ser mãe, pois a única coisa que temos certeza é que iremos dar o nosso amor”, refletiu a servidora, que conseguiu superar momentos de depressão, atribuindo parte de suas conquistas ao apoio que recebeu. Hoje, ela está lotada na 4ª VT de Florianópolis, é apaixonada pela equipe de trabalho e por leitura, tendo como hobby se aventurar no mundo dos perfumes.
A força do estudo
A conversa também contou com o depoimento da jovem aprendiz Eduarda Cristina, de 20 anos, e mãe do Edson, de 2. Antes de ingressar no TRT-SC, ela teve dificuldade de conciliar estudo, trabalho e maternidade. No entanto, contava com o incentivo da mãe, Cristiane, e foi esse apoio que a trouxe ao tribunal. Recentemente, passou no vestibular para o curso de Serviço Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “O estudo é fundamental para se ter um futuro melhor”, afirmou.

Marmita às 5h
Josiane Passos, funcionária terceirizada que trabalha na limpeza do Fórum de Florianópolis, não só concorda com Eduarda, como leva muito a sério a educação, tanto dos seus filhos quanto a sua própria. Ex-manicure, natural de Belém (PA), em breve ela irá concluir o curso de técnica de enfermagem. Ela é mãe de um rapaz de 18 anos, Davi, que cursa a faculdade de contabilidade, e da Isabel, 15 anos, que está no ensino médio.
Josiane acorda todos os dias às 5h da manhã para deixar a marmita do filho pronta e, a partir daí, iniciar sua intensa rotina. Ela diz ter tripla vocação: mãe, mulher e trabalhadora. “Devemos nos enxergar, nos priorizar e lutar pelo nosso lugar, sem esquecer que o respeito é essencial”, afirma.
Nayane Conceição, estagiária de direito no Gabinete do Desembargador Amarildo Carlos de Lima, também veio do norte do país, Manaus (AM), para morar no estado. Mudou-se com os pais e os dois irmãos para Joinville em 2022, tendo vindo para a Capital tempos depois. Assim como Josiane, é apaixonada por sua origem e concentra suas expectativas nos estudos.

Eliminando barreiras impostas pela falta de acessibilidade, a estagiária, que é PcD, ingressou na faculdade e foi incentivada pela mãe a procurar estágio. Foi quando soube da oportunidade no TRT-SC. "Ser mulher é saber se adaptar em cada fase da vida e nunca deixar se limitar", pontuou.
“Lutem, mas sejam mulheres”
A desembargadora Mari Eleda enfatizou o quanto é importante a mulher lutar pelos seus direitos sem deixar de lado suas características, nem buscar a competição com os homens. “Lutem, mas sejam também mulheres. Podemos e devemos ser cuidadas”, ressaltou. Natural de Curitiba (PR), quando se casou veio para Santa Catarina e trabalhou como professora de balé.
Mari Eleda, que iniciou sua carreira de magistrada em Blumenau, é mãe do Tales e esposa do juiz aposentado Sebastião Tavares, “o melhor marido do mundo”. Ao ser questionada se a decisão de uma magistrada é diferente da de um magistrado, respondeu acreditar que não. "Assim como há mulheres mais sensíveis, também há homens sensíveis. O gênero não influencia na sentença”, assinalou.
Após pouco mais de duas horas de conversa, o evento terminou com um vídeo de depoimentos em homenagem às participantes e com a música da servidora Fernanda Silva Destri Fortkamp, psicóloga da Seção Psicossocial do tribunal, que embalou as pessoas presentes com "Maria, Maria", de Milton Nascimento.
Texto: Priscila Tavares
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