Evento capacitou profissionais da rede de atendimento e apresentou tecnologias de apoio à investigação e proteção das vítimas
O Fórum de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas em Santa Catarina realizou o workshop "Práticas e Vivências no Enfrentamento ao Tráfico Humano", no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC), na quinta-feira (3/10).
O evento contou com a participação do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo, Tráfico de Pessoas e Proteção ao Trabalho do Migrante na Justiça do Trabalho (Pete+), representado por seus gestores, o desembargador Reinaldo Branco de Moraes e a juíza Ângela Maria Konrath. Também esteve presente o coordenador do Comitê Estadual sobre o tema, desembargador do TRT-SC Roberto Guglielmetto
Em sua fala, Guglielmetto ressaltou a relevância da iniciativa, afirmando que o Judiciário está comprometido e vigilante em relação a temas delicados como o tráfico de pessoas e o trabalho escravo, que muitas vezes, segundo ele, permanecem ocultos nos processos.
“Além de agir nas consequências, o Judiciário tem buscado fortalecer parcerias com instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal para combater esses problemas. É fundamental intensificar o diálogo e valorizar protocolos de julgamento, como os de perspectiva de gênero, trabalho infantil e condições análogas à escravidão, para enfrentar essas questões de forma eficaz."
Programação
O evento começou pela manhã com uma oficina focada no estudo de casos práticos de tráfico de pessoas, abordando os desdobramentos desses crimes e o fluxo de atendimento às vítimas. No período da tarde, houve palestras de representantes de empresas que colaboram com o combate ao tráfico humano, como Alfonso Pena, diretor comercial da ClearviewAI, e Rafael Velasquez, secretário da Techbiz. Ambos apresentaram suas plataformas tecnológicas de apoio à aplicação da lei, com foco em investigações rápidas e seguras, e realizaram demonstrações ao público presente.
Saul Herrera, representante para a América do Sul da ONG americana The Exodus Road, compartilhou a experiência da organização no combate ao tráfico humano, mencionando operações como a "Renewed Hope", nos Estados Unidos, que resultou no resgate de cerca de 300 vítimas de abuso e exploração infantil.
Já Cinthia Meirelles de Azevedo, coordenadora da ONG no Brasil, ressaltou o trabalho realizado em regiões de fronteira, como Foz do Iguaçu e a região Norte, capacitando agentes públicos na identificação e resposta ao tráfico de pessoas, além de equipar as forças policiais com tecnologias específicas para combater esse crime.
Crime invisível
“O tráfico humano é um crime invisível, que só pode ser revelado através de treinamento e do uso correto das tecnologias", disse a especialista. A The Exodus Road, organização sem fins lucrativos registrada nos EUA, realiza, entre outras atividades, o TraffickWatch Academy, um programa de treinamento composto por dez módulos, com especialistas brasileiros, voltado para a identificação e resposta ao tráfico de pessoas.
Segundo a ONG, o tráfico de pessoas é o terceiro crime mais praticado no mundo e movimenta cerca de 30 bilhões de dólares por ano.
O Fórum
Além do TRT-SC, o Fórum é composto pelo Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC), a OAB-SC, Polícia Federal, Defensoria Pública, TRT-SC, Defensoria Regional de Direitos Humanos da DPU, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pastoral do Migrante de Santa Catarina e Cáritas Brasileira, Regional de Santa Catarina. A coordenação está a cargo do procurador Acir Hack, do MPT-SC.
Texto: Andréa Gonçalves (estagiária)
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