Envolvimento de todos os níveis da organização é vital para prevenção dos problemas psíquicos, defendem especialistas

30/06/2015 13h30
Psicólogs Daniela Duarte
'Prevenção é no coletivo', afirmou a professora e doutora em Psicologia Daniele Almeida Duarte


O desafio atual para combater os problemas psíquicos é envolver todos os níveis da organização nos trabalhos de prevenção, desde o setor específico de trabalho do indivíduo até os aspectos ambientais. Essa foi a conclusão apresentada no painel sobre saúde mental realizado na última sexta-feira (26), em Florianópolis, durante o último dia do 1º Encontro Sul-Brasileiro do Programa Trabalho Seguro (PTS) em Santa Catarina.

Participaram do debate a professora e doutora em Psicologia e Sociedade, Daniele Almeida Duarte, e a professora Edith Seligmann Silva, doutora em Medicina. Elas explicaram que a saúde do trabalhador e seu adoecimento são influenciados por um conjunto de fatores que compõe a chamada organização do trabalho, entre eles a jornada, as pausas, prazos, metas, produtividade e todas as demais regras estabelecidas nas relações de trabalho.

Por isso a necessidade de empresas e instituições públicas se envolverem como um todo na prevenção, abrindo espaço para o diálogo com o trabalhador. "Se isso não acontece, dificilmente vamos conseguir sustentar ou construir práticas que possam ir adiante. Prevenção é no coletivo", completou Daniele Duarte

Ao longo da apresentação, elas mostraram que o trabalhador, quando em condições precárias de trabalho, pressionado e impelido pela organização a reprimir seus desejos, acaba sofrendo e tendo sua saúde mental comprometida. Além disso, a organização, as relações e as condições de trabalho em todos os setores de atividades têm se caracterizado cada vez mais por um ritmo intenso, com aumento da competitividade, estabelecimento de metas muitas vezes inalcançáveis e consequente precarização da saúde psíquica dos trabalhadores.

De acordo com pesquisa da professora Edith, que acumula 25 anos de docência na Universidade de São Paulo, às vezes, o cansaço do indivíduo se torna crônico e passa a invadir as horas do não-trabalho, sacrificando a vida familiar, o lazer e o convívio social.

Dignidade ferida

Daniele Duarte explicou que existem diversas maneiras de o trabalhador manifestar esse sofrimento, desde dores na coluna, uso abusivo de álcool e drogas, medicamentos, problemas alimentares e até cardiopatias.

professora Edith Silva
Professora Edith Silva

"Não há trabalho neutro à saúde. O trabalhador, desde aquele que trabalha em um gabinete até o que trabalha limpando as ruas, se engaja com o corpo, com afeto e com inteligência para poder executar e realizar a sua atividade", destacou Daniele, que leciona no curso de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá.

Edith Silva falou sobre os vários tipos de estresse e desgastes gerados no trabalho. "A necessidade de sustento faz as pessoas suportarem situações em que, além de trabalharem em constante risco de acidente, são feridas em sua dignidade", disse. Ela destacou, além do desgaste físico e funcional, o desgaste simbólico, em que o trabalhador sofre com perdas por degradação de valores e sentimentos, desvalorização da autoimagem, perda de esperança e de identificação com o que faz.

 

 

 

 

Fonte: Secretaria de Comunicação Social - TRT-SC
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