Servidora dá palestra sobre autonomia e independência de pessoas com deficiência

Ana Paula de Bona falou a convite do Programa de Assistência a Pessoa com Deficiência da Eletrosul

15/03/2023 15h06, atualizada em 15/03/2023 15h53
Grupo de seis homens e três mulheres, sorridentes, posa para foto. Eles estão em torno de uma mesa e, ao fundo, aparece um telão.
Ana Paula (em primeiro plano) com o noivo Léo (à esq), a equipe do Programa de Assistência a Pessoa com Deficiência e outros funcionários da Eletrosul: capacitismo foi um dos temas abordados. Foto: Divulgação/CGT Eletrosul

 

A servidora Ana Paula Koch de Bona, do Gabinete do Desembargador José Ernesto Manzi, deu uma palestra nesta terça-feira (14/3) a convite do Programa de Assistência à Pessoa com Deficiência da CGT Eletrosul. Ela falou sobre os desafios para a autonomia e a independência da pessoa com deficiência (PCD) a um grupo de 20 pais que participam do programa.

Analista judiciária desde 2013, Ana Paula nasceu com meningocele, uma má-formação da coluna vertebral que reduz a mobilidade da pessoa. A colega também tem um perfil no Instagram, @rodando_com_ana, no qual comenta sobre a acessibilidade dos lugares que frequenta, além de dar dicas de moda. “É frustrante saber que não há uma preocupação geral dos estabelecimentos com essa questão, mesmo sabendo da existência de leis”, lamentou.

Ana Paula iniciou falando sobre conceitos relativos à acessibilidade e trouxe uma abordagem histórica em relação à forma como a sociedade enxerga e trata as pessoas com deficiência. “Ao longo da história, já fomos vistos como seres amaldiçoados, divindades dignas de proteção e caridade e até servimos de cobaias nos campos de concentração nazistas”, relatou. 

Segundo ela, foi a partir de 2006, com a convenção da ONU sobre os direitos das PCDs, que esses modelos deturpados começaram a perder força. “A partir daí, a deficiência passou a ser vista apenas como uma entre tantas características do indivíduo, não devendo ser supervalorizada ou minimizada”, explicou.

Sonhos possíveis

Outro tema abordado pela servidora foi o capacitismo, uma manifestação de preconceito contra as pessoas com deficiência. De acordo com ela, o capacitismo pressupõe a existência de um padrão corporal ideal, e a fuga desses padrões tornaria as pessoas inaptas para as atividades na sociedade. 

Existem quatro formas de identificar o capacitismo: responsabilização da pessoa por sua condição; supervalorização ou diminuição da pessoa; falta de acessibilidade e inclusão em estabelecimentos públicos e comerciais e insistência na ideia de cura.

“É muito comum acharem que o maior sonho da pessoa com deficiência é reverter essa deficiência, mas isso é um engano. Meu sonho, por exemplo, é ter condições financeiras para continuar passeando e viajando pelo mundo da mesma forma que já faço hoje, usando uma cadeira de rodas”, desmistifica. 

Ana Paula finalizou a palestra falando sobre inclusão, legislação e direitos dos PCDs, além de tirar dúvidas dos participantes. 


Papo-furado

Essas são algumas expressões capacitistas que Ana Paula e outras pessoas com deficiência costumam ouvir. Lembre de nunca usá-las:

“O que aconteceu com você?”

“Parabéns por estar aqui como todo mundo.”

“Tão linda, pena que está em uma cadeira de rodas.”

“Eu sei como você se sente, já quebrei a perna e fiquei seis meses em uma cadeira de rodas.”

“Você é um exemplo de superação.”

“Não olha filho, ela é doente”

“Como você é guerreira!”

“A cadeira vai junto?” (Perguntas feitas por motoristas de táxi e de aplicativos de transporte)


Texto: Clayton Wosgrau  
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