Dever de casa

Iniciativa do TRT-SC quer unir pais, professores e alunos da rede pública em debate sobre trabalho infantil no estado

24/01/2017 11h15
Desembargadora Leiria e profissionais da Secretaria estadual da educação
Desembargadora Lourdes Leiria (à direita) apresentou cartilha sobre trabalho rural e doméstico à equipe da Secretaria estadual de Educação

 

Com quase 100 mil crianças e adolescentes trabalhando, Santa Catarina é um dos estados com maior incidência de trabalho infantil no país, na faixa etária de 5 a 17 anos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2015, realizada pelo IBGE. Para ajudar a mudar esse quadro, a Justiça do Trabalho quer distribuir este ano 20 mil cartilhas a alunos da rede pública, alertando pais e alunos para uma lista de riscos que inclui exposição a agrotóxicos, ataques de animais e acidentes com máquinas.

“Muitos pais acham que o trabalho vai ajudar na formação dos filhos, mas isso é um grave equívoco”, avalia a desembargadora Lourdes Leiria, responsável por coordenar o Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC). “Os dados mostram que, quanto mais cedo uma pessoa começa a trabalhar, mais dificuldades encontra na sua carreira”.

Nesta segunda (23), Lourdes Leiria se reuniu em Florianópolis com a secretária-adjunta de Educação de Santa Catarina, Elza Moretto, a quem apresentou o material produzido pelo Tribunal e pediu apoio institucional na distribuição das cartilhas. A magistrada sugeriu priorizar escolas de regiões com maior incidência de trabalho rural e doméstico, alcançando alunos de oito a 12 anos, proposta que será avaliada pela equipe da Secretaria.

Acidentes

De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde, de 2007 até julho de 2016, 915 crianças e adolescentes sofreram acidentes graves de trabalho no Estado (como mutilações e queimaduras, por exemplo), 60% deles na área rural. No Brasil, o número chega 21,7 mil. “A cartilha é um ponto de partida, uma forma de envolver pais e professores nesse debate”, destaca a desembargadora. “Na maioria das vezes, a família é um fator determinante”.

 

 


Texto e foto: Fábio Borges
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